quinta-feira, 13 de junho de 2019

Escravo do Poder

Para iniciar nossas análises, vamos enxergar, nas entrelinhas, um dos maiores sucessos da banda inglesa Iron Maiden. Os versos em vermelho serão explicados no final da letra.


POWERSLAVE
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Faixa-título de Powerslave, detalha o relato de um faraó louco por poder que está em seu leito de morte. Bruce Dickinson sempre canta a música usando uma máscara ritual, não importa se não é egípcia. Afinal de contas, a arte da turnê para a turnê de 2016 referencia esse status com a touca maia.


O ábum Powerslave foi gravado no Compass Point Studios, em Nassau, nas Bahamas e lançado em 3 de setembro de 1984. A música foi escrita por Bruce Dickinson, onde também é vocalista, com guitarras de Adrian Smith e Dave Murray, bateria de Nicko McBrain e baixo por conta de Steve Harris.

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Iron Maiden, 1985. Da esquerda para direita: Dave Murray, Bruce Dickinson, Steve Harris, Nicko McBrain e Adrain Smith.
(Reprodução: billboard.com)



NAS ENTRELINHAS DE "POWERSLAVE"



"O Olho de Hórus":


O Olho de Hórus é uma runa de proteção, como o Olho de Rá. Esta é também uma referência ao fato de que os egípcios acreditavam que o faraó era "o Hórus vivo". Os olhos de Hórus representam o Sol e a Lua.


De acordo com uma lenda difundida no Antigo Egito, Hórus foi concebido por Isis, quando Osíris, seu pai, já estava morto. A lenda sugere que a fecundação ocorreu quando Isis, na forma de um pássaro, pousou sobre a múmia do esposo, que estava deitado em uma espécie de estofado.

Durante o período dinástico inicial, os reis tinham até três títulos. O nome Hórus, no entanto, é o mais antigo e data do final do período pré-dinástico. O nome foi escrito dentro de uma moldura quadrada representando o palácio, chamado de Serekh . O primeiro exemplo conhecido de um “Serekh” data do reinado de Ka-Sekhen, antes da primeira dinastia.


"Entre o Osiris ressucitado - nascido novamente":

Osiris é o antigo deus egípcio dos mortos. Um dos mais reverenciados de todos os deuses egípcios. O personagem dessa música é um faraó louco por poder e ele acredita que se fez semelhante a Deus e ressuscitou como Osíris.

Osíris foi um dos deuses mais populares do Antigo Egito, cujo culto remontava às épocas remotas da história egípcia e que continuou até a era Greco-Romana, quando o Egito perdeu a sua independência política. Marido de Ísis e pai de Hórus, era ele quem julgava os mortos na "Sala das Duas Verdades", onde se procedia a pesagem do coração ou psicostasia.


"Diga-me, porque eu tinha que ser um Escravo do Poder.
Eu não quero morrer, eu sou um Deus
Porque não posso viver?":

Embora os egípcios adorassem o faraó como um deus, ele é apenas um homem e, portanto, ele morrerá. Não importa que ele seja um poderoso faraó. Somos todos escravos do poder da morte, mesmo sendo um dos reis mais magníficos.

Psicostasia. Livro dos Mortos, 1275 a.C.


"E na minha última hora
Serei um Escravo do Poder da Morte":

Quando os momentos finais se aproximam, ninguém, por mais poderoso que seja, consegue escapar do alcance da morte.


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Sarcófago de Eddie, mascote do Iron Maiden.


"Quando eu estava vivendo essa mentira -
O medo era meu jogo.
As pessoas adoravam e caíam -
Caiam de joelhos.":

Enquanto ele estava fazendo o papel de um Deus, ele usou o medo sobre o seu povo como um meio de flexionar seu poder. A parte da “mentira” poderia ser interpretada de duas maneiras diferentes: 

1) A vida do faraó era uma mentira devido à sua crença em ser um Deus real; agora ele percebeu que ele é um escravo do poder da Morte também, como o fazendeiro, o escriba e todas as outras pessoas comuns submetidas ao seu reinado. 

2) Esta interpretação possível está relacionada a uma música mais antiga do Iron Maiden , Hallowed Be Thy Name. Na música, vemos outro homem temendo sua última hora. No final da canção, o homem considera a vida na Terra não mais do que uma mera ilusão. O faraó talvez esteja considerando a “vida após a morte” o verdadeiro sentido de sua vida.

Em alguns shows ao vivo, como no Wacken Open Air, em 2016, a primeira linha do verso,

"Quando eu estava vivendo essa mentira - o medo era meu jogo"

é mudado para:

"Quando eu era jovem e um homem - o medo era o meu jogo."

Nesta versão da música, Dickinson está basicamente afirmando que o faraó não é mais um homem de verdade: ele está morrendo, então ele se sente como um fantasma, como dito mais tarde na música.


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Faraó sendo preparado para a "Vida Após a Morte".




"Então traga-me o sangue e 
vinho tinto para o meu sucessor":

Essa linha pode referir-se à forma como o vinho está presente nas classes mais elevadas da sociedade egípcia do período pré-dinástico, por volta de 4000 a.C. - 3500 a.C. É também a partir deste período que se enterram jarras de vinho como oferendas funerárias. Entre as ofertas funerárias descritas nos textos das Pirâmides, o vinho é a principal bebida do Faraó depois da sua ascensão aos céus. É bastante notável a presença dessas jarras de vinho nos túmulos egípcios, destacando-se as necrópoles reais de Abidos e Saqqara, com as suas jarras de cerâmica com um metro de altura e tampa de barro, estampadas com o selo real.
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Imagem retrata colheita da uva e produção do vinho no Antigo Egito.


"A casca de um Homem-Deus preservada -
Por mil eras":

Este trecho fala das famosas múmias do Antigo Egito, um processo que supostamente daria imortalidade aos faraós e, de certa forma, o cadáver não se decompõe.

Múmia do Faraó Ramsés III, ou Seti I.
( Reprodução: Osoris Travel)


"Mas abra os portões do meu inferno -
E eu atacarei da sepultura.":

Verso alusivo as temidas Maldições dos Faraós, onde pessoas que profanam os túmulos egípcios morreriam posteriormente.

A maldição associada com a descoberta da tumba do faraó Tutancâmon, da XVIII Dinastia, é a mais famosa na cultura ocidental. Ela afirma que alguns membros da equipe de arqueólogos que desenterraram a múmia do faraó Tutancâmon morreram de causas sobrenaturais na sequência de uma maldição do governante falecido. De fato, vários membros da equipe morreram alguns anos depois da descoberta, incluindo o ilustre Lord Carnarvon, promotor das escavações. Muitos autores negam que houvesse escrito uma maldição, mas outros dizem que Howard Carter encontrou na antecâmara um óstraco de argila com uma inscrição dizendo: "A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o repouso do faraó."

Depoimento da neta do Lord Carnarvon, Patricia Leatham:

"No momento em que ele morreu, toda a luz do Cairo se apagou e, naquela época, todos os serviços públicos do Cairo eram administrados pelo exército britânico e não havia meios de eles religarem a energia. Não encontraram motivos para a energia ter acabado. Vinte minutos depois a energia foi restaurada. A pequena fox terrier (cadela) de Carnavon, Suzie, estava dormindo em sua cesta no quarto de sua governanta, no castelo de Carnavon, na Inglaterra. E no mesmo momento em que Carnavon morreu, Suzie sentou em sua cesta, uivou e morreu".

Máscara Real do Faraó Tutancâmon, que morreu em 1324 a.C.aos 19 anos de idade. O mais jovem dos Faraós não deixou herdeiros e seu reinado durou apenas nove anos.


"Escravo do Poder da Morte...
Escravo do Poder da Morte":

Apesar de viver com o maior poder de todos e sobre todos (especialmente sobre os escravos), o Faraó agora está submetido ao inevitável fim da vida.

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